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Foto do escritorLeo Gudel

QUANTO TEMPO DURA OS 30 SEGUNDOS?


Meu filho de 19 anos não vê mais TV. Minha enteada de 11 anos nem sabe o que é isso. Onde os tradicionais comerciais de 30 segundos vão passar? Eu achava que não iam morrer por causa dos eventos esportivos, no Brasil, principalmente por causa dos jogos de futebol. Mas agora com transmissões dos jogos pelos streamings, por Youtubers, nem mais essa certeza eu tenho.


“Agora temos que ganhar o cliente no primeiro frame do vídeo, antes que ele pule a propaganda”, ouvi de um garoto de 20 anos palestrando num TED talk. Só que não. Pelo menos é o que mostram as estatísticas. Um estudo feito nos Estados Unidos pelo Yankelovich Partners e publicado no Plunkett’s Advertising & Branding Industry Almanac 2023, mostra que mesmo quando o anúncio é direcionado para pessoas com muito interesse no assunto abordado pela propaganda (chamados em inglês de “passionate interest groups”), dois terços deles se sentem “bombardeados constantemente” e quase o mesmo tanto considera os anúncios irrelevantes e chatos. Na real, todos aqueles comerciais que aparecem antes dos vídeos do YouTube, ou na sua timeline do Insta, são muito irritantes. Os do YouTube são os piores.


Estou lá, amarradão vendo um vídeo raro que encontrei no YouTube: show do Prince com participação do Miles Davis. Solando sua famosa guitarra roxa, o Prince parece possuído por anjos. O solo é espetacular. Maior sonzera! Do nada corta. O som da guitarra é trocado na hora por uma musiquinha vagabunda do comercial do Viagra. Como assim Viagra? Eu nem busquei por Viagra no Google. Cheio de vergonha eu nem comentei com os meus amigos! Eu só pensei em pesquisar! E o bicho aparece na minha frente só para cortar o meu barato e para me humilhar.


Mas isso não é de agora, sempre foi assim (estou falando dos comerciais, não do Viagra rs). Eu me lembro quando tinha 8 anos de idade e ficava vidrado na frente da TV vendo aquele dois caras de terno descendo o poste estilo bombeiro para, em seguida, subindo num prédio com uma corda, usando roupas ridículas e de Batman e Robin. Aparecia sempre alguém na janela para conversar com eles. Era muito doido. Aí eles pulavam dentro do esconderijo, uma sala cheia de gente armada e mal encarada: “Deve ser aqui o esconderijo do Coringa!”, e o Robin respondia: “Santa inteligência Batman, um dia quero ser tão esperto quanto você!”. Aí começava a porradaria. O Batman enfiava a mão na cara de um, aparecia na tela balões de quadrinhos: Pow! Robin metia bica em outro, aparecia o balão: Pah! Do nada corta. Aparece o Pirocóptero: pirulito que depois de comer levantava voo. Um desenho de uma cara queixudo parecido com o goleiro Cássio do Corinthians, vendendo Cepacol. Abre a boca é Royal, compre Batom, não é assim uma Brasteeeeemp, e a minha raiva só aumentando. O Batman nem voltou e eu já tinha virado o “Revoltadinho da Estrela” andando de um lado pro outro, bicando o sofá.


A propaganda irrita desde a época que o capeta contratou a cobra para vender o fruto proibido. Adão e Eva no paraíso, juntinhos no maior love. Do nada corta. Não caso não a imagem, o barato dos dois. A Eva se afasta: “Mo, vou ter que dar uma saidinha.”, “Mas tem que ser agora? Relaxa aí, bicho.”, “Mozinho, dá não. Tá vendo a cobra ali? Tenho hora marcada. Se eu não for agora, não sei quando vou conseguir.”


No clássico dos livros sobre comerciais “Hey Whipple, Squeeze This!” de Luke Sullivan, um dos publicitários mais premiados do mundo, prova esse sentimento com pesquisas: “Todos os anos, desde que trabalho com publicidade, a Gallup publica a sua pesquisa sobre as profissões mais e menos confiáveis. E todos os anos, os publicitários trocam o último ou penúltimo lugar com vendedores de carros usados e membros do Congresso.”


Pelo menos nos Estados Unidos, todo mundo odiava as pessoas que faziam propaganda. Também, esses caras fazem a gente passar raiva. Não dá para gostar de um cara assim… até que surgiu a série Mad Man. Aí, ser publicitário virou chique no úrrtimo! Hoje todo mundo quer ser publicitário. Olha o poder da mídia aí. Sinistro. A mesma coisa o Master Chef, deu a maior moral pros cozinheiros.


A verdade é que aqui no Brasil não foi bem assim, a gente sempre valorizou as estrelas da nossa publicidade. Todos nós guardamos com carinho os comerciais que marcaram época. Aquela musiquinha no Canal 100 e o futebol da Demillus… quem não lembra?


Resumindo, acho que o tradicional comercial de 30 segundos, que a gente está acostumado a ver na TV, só deve durar no máximo uns 10 anos. Talvez até menos. Na real, já está sendo substituído. Isso significa que não vão mais existir vídeos de 30 segundos de duração? Preciso responder? O que está mudando é a ideia que o vídeo por si só consegue impactar o consumidor. Bicho, não adianta insistir, não tem o mesmo impacto de antes. Longe disso. Se lembra quando a família ficava toda reunida no domingo, na frente da TV, falando mal do Faustão, mas vendo do mesmo jeito? Era isso ou a banheira do Gugu. Não tinha opção. Agora tem. Tem até demais. Os vídeos nunca estiveram tão bombados. Só que o vídeo publicitário sozinho não faz verão. Pelo menos, não como antes. Hoje, as campanhas de sucesso são todas holísticas (adoro essa palavra, parece mística), quer dizer, um conjunto de diversas ações em diversas mídias.


Voltando ao início do texto, vamos analisar os números da indústria Advertising & Branding publicados pelo almanaque Plunct Plact Zum de 2023 (rolou uma nostalgia ao lembrar dos comerciais, não resisti). Em 2022 dois terços de todo o investimento em comerciais e propaganda no mundo foram feitos na internet e em mídias digitais. A internet recebeu mais grana do que todas as outras mídias juntas. Televisão + jornal + outdoor + tudo que não seja online tiveram apenas 33,33% dos investimentos. E essa disparidade só tende a crescer (a Globo se fu… kkkkkk). O Meta (antigo Facebook) e o Google juntos faturaram quase meio trilhão de dólares. E as agências de propaganda e marketing mais bem sucedidas do mundo registraram faturamentos acima dos 10 bilhões de dólares.


Esse blog é sobre esses caras. A turma acima dos 10 bilhões. Todas essas agências são globais, com escritórios no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil. Aqui no Blog, vamos trazer e analisar os cases de maior sucesso, os mais interessantes e criativos. Nosso foco será sempre no resultado. Uma campanha linda e maravilhosa, mas que não trouxe retorno financeiro ou de mídia não nos interessa.


Vamos trazer para vocês o que inspira a nossa GBfilms. Saiba mais em gbfilms.com.br . Nosso objetivo é compartilhar o que de melhor está acontecendo no mundo da propaganda e publicidade. Só tem coisa du ca…

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